Friday, January 21, 2011

Luteranismo e a crise feudal alemã


Paralelamente ao poder político da Igreja Católica, havia sua dominação ideológica. Através de séculos, a igreja conseguiu moldar todo o imaginário e a moralidade do continente europeu. Não à toa que a Igreja utilizou de sua influência sobre as mentes européias quando confrontada com a ameaça de seu stats quo: "a usura é um pecado mortal", propagavam os bispos muito antes de a ameaça burguesa ser forte o suficiente, mas é nesse momento de crise que esta afirmação criou a força de propaganda anti-burguesa. O catolicismo era um considerável entrave moral para a ascensão da economia de mercado, e não tardou para surgir um contraponto.

Neste contexto nasce o protestantismo, o cristianismo independente da Igreja e das relações feudais. Porém, é muito simplista identificar o protestantismo como uma mera resposta às retaliações morais do catolicismo. Há sim o elemento político, mas vai além, é também a resposta a uma Igreja contraditória. O maniqueísmo católico parecia não se aplicar a seus próprios prelados e à própria Igreja - vide comportamentos como a venda de indulgências, corrupção do clero e simonia - o que para alguns fervorosos e letrados cristãos comrrompia toda a Obra da Igreja na Terra.

Assim, não é de se surpreender o surgimento de dissidentes propondo reformas para o Vaticano, geralmente membros do clero insatisfeitos com os rumos tomados pela Igreja através dos séculos. Neste perfil, encontramos Martinho Lutero, padre agostiniano alemão. Lutero iniciou sua jornada reformista ao divulgar suas 95 Teses, propostas de modificação no sitema eclésiático e litúrgico da Igreja Católica. Podemos simplificar as propostas de Lutero como um esforço para retrair o poder temporal Católico - o que objetivava o fim da corrupção da Igreja - e uma aproximação da Palavra divina para o povo, até então distanciada pela anacrônica utilização do latim nas missas e na bíblia.

As idéias de Lutero recusadas pelo Vaticano, o que por fim resultou em sua excomunhão. Contudo, apesar de fracassar em seu objetivo de reformar o catolicismo - fracasso referendado pelo Concílio de Trento - o luteranismo encontrou apoio no emergente Estado Alemão. Os senhores feudais que, subsidiados por banqueiros, emergiram do moribundo feudalismo como Príncipes de seus próprios pequenos Estados encontravam na Igreja um entrave a seu desenvolvimento, pois apesar de enfraquecida ainda cobrava seus espólios como proprietária de terras e autoridade divina. A solução que lhes convia era a formação de sua própria Igreja Nacional, independente do Vaticano e ideologicamente atualizada para as novas relações produtivas, de modo que qualquer autoridade da Igreja Católica sobre os territórios germânicos fosse invalidada.

A chamada Reforma foi além do luteranismo, alcançando sua maior expansão através do calvinismo. Mas através da Reforma alemã já somos capazes de identificar os elementos responsáveis pela Contra-Reforma, a árdua missão do catolicismo para manter-se influente num mundo onde os antigos valores caem por terra e as novas mentalidades e economia hostilizam a até então intocável Igreja Católica.

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