Monday, January 24, 2011

O Concílio de Trento e a Contra-Reforma


O protestantismo se espalhara sobre o território europeu, e cada vez mais Estados o adotavam em detrimento da autoridade papal. Frente a tal ameaça, a Igreja elabora uma série de ações com o objetivo de frear o avanço dos cristianismo dissidente e recuperar seu status, o que ficou conhecido como Contra-Reforma. O marco inicial da Contra-Reforma é o Concílio de Trento, realizado entre  1545 e 1563, convocado pelo Papa Paulo III em uma tentativa de discutir as propostas reformistas e manter a unidade católica apesar de toda a crise.

O concílio, a princípio, visava ser um amplo debate sobre as propostas trazidas à tona pelos protestantes a respeito do comportamento dos clérigos, da liturgia e dos próprios dogmas católicos. Em um intervalo de 18 anos realizaram-se três convocações para o concílio, as quais culminaram em deliberações que definiriam a postura da Igreja e sua posição diante o protestantismo. A deliberações podem ser classificadas em dois níveis: os decretos de ordem disciplinar, orientações de conduta para os clérigos; e os decretos de definições doutrinárias, nos quais a Igreja consolida seus dogmas e verdades da fé. Em outras palavras, a Igreja manteve seu lastro dogmático firmemente, não cedendo aos questionamentos conceituais dos protestantes e colocando-se em franca oposição ao pensamento reformista, embora a Igreja inevitavelmente atravessasse uma reforma.

O Concílio de Trento marcou uma reafirmação da tradição católica, mas ao mesmo tempo significou o início de uma transformação no modus operandi da Igreja. Era preciso combater o pensamento protestante cada vez mais influente, e a partir do concílio a Igreja posiciona-se de forma firme diante esta ameaça. No âmbito interno, os decretos de ordem disciplinar são a tentativa de restaurar a imagem desgastada pela corrupção através de medidas moralizantes: a venda de indulgências foi proibida, os clérigos não poderiam mais acumular benefícios nem sa afastar de sua residência. No âmbito externo, as medidas mais significativas foram a publicação do Index Librorum Prohibitorum e as ações da Companhia de Jesus.
 

O Index Librorum Prohibitorum consistia de uma série de listas publicadas pelo Santo Ofício que indicavam os livros com conteúdo herético e "pernicioso". Na prática, funcionava como um mecanismo de censura, avaliando os conteúdos das publicações e expondo os que expressavam qualquer idéia contraditória à doutrina católica, por menor que fosse. Desta maneira, a Igreja pretendia retardar o avanço dos ideais protestantes, impondo desde proibições de impressões até banimento e excomunhão dos autores.

A Companhia de Jesus, por sua vez, fundada em 1534 e reconhecida pelo Vaticano em 1540 - ou seja, antes mesmo do Concílio de Trento - se mostrou a mais efetiva arma da Contra-Reforma. Através de uma conduta de extrema obediência à hierarquia e à doutrina Católicas, aliada a um ministério flexível que permitia uma maior aproximação em relação aos fiéis. Graças às ações dos padres jesuítas o catolicismo conseguiu ainda se manter e se fortalecer em considerável fração da Europa, além de se expandir junto ao colonialismo Europeu nas Américas, África e Ásia.

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