Wednesday, December 22, 2010

Por uma Dialética da Modernidade

Dentre as mudanças de paradimas ocorridas na Idade Moderna uma especialmente influente foi a Revolução científica. O  Método Científico, seu principal fator revolucionário, extrapolou as fronteiras acadêmicas e penetrou profundamente no subconsciente europeu, promovendo uma nova maneira de observar o mundo, um novo conjunto de valores que dialogava com as poderosas forças nascentes do capitalismo e do protestantismo para fincar uma considerável parcela do lastro intelectual de nossa atual sociedade ocidental.

Costuma-se identificar a presença de elementos científicos no brasil somente a partir do séc. IXX, quando da chegada da corte portuguesa; ou aind mais tardiamente, à época de Marquês de Pombal e seu rompimento com os jesuítas. A ascenção do Positivismo nos meios intelectuais luso-brasileiros reforçou ainda mais esta concepção, de modo que toda a história da educação brasileira até então sob a tutela jesíta se contrapusesse à auto-proclamada racionalidade e cientificidade positivista.


De fato, é tolice afirmar que houvesse verdadeiramente Ciência no brasil colonial à época dos Jesuítas. Contudo, é preciso compreender que o Brasil era tão somente uma distante colônia de um reino europeu eminentemente católico, numa época em que a própria ciência ainda estava em formação, em que a Revolução ainda estava em curso. Por outro lado,  temos de observar que assim como ser uma simples colônia de uma Europa católica justifica a distância perante as transformações do velho continente, esta mesma ligação justifica uma relação com elas: ora, o Brasil era agora "parte do mundo", estava inevitavelmente ligado à Europa e a todas as suas dinâmicas e eventos, de modo que  já não era mais possível analisarmos nossa formação histórica de maneira isolada da complexa cadeia de eventos  da Modernidade européia.

Porém, não somos Europa, jamais fomos. Surgimos como algo totalmente novo, a partir de uma Europa em processo de transformação. Não há modelo clássico de historiografia que nos sirva, não há cronologia da História Ocidental que traduza o que realmente somos. E assim, também não é possível transportar conceitos como a Revolução Científica para facilmente concluir: 'não houve revolução científica no Brasil. Não faz sentido. Devemos observar a contradições que permeiam nossas origens, estabelecer uma Dialética da modernidade, e assim estabeleceremos, de fato, uma história verdadeiramente Brasileira.

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